Treinamentos que trazem resultados: como reconhecê-los?

Por Alessandro Vieira dos Reis
 
Se perguntarmos para o público de treinamentos tradicionais o que acharam da experiência que tipo de respostas obteremos?
Presumo que gerentes e diretores de empresa, que pagaram por essas atividades especiais, desejariam ouvir coisas como: “Muito proveitoso!”, “Realmente gostei”, “Fará mesmo diferença para mim”, e assim por diante.
A realidade, contudo, costuma ser bem distinta desse quadro e isso tem fácil verificabilidade.

Já nos primeiros contatos que tive com participantes de treinamentos com o intuito de projetar melhor processos, centrados nas necessidades concretas destes, ouvi declarações tais como: “Curso é tudo igual”, “O palestrante fica lá na frente falando, falando, falando…”, “O palestrante fica contando historinhas e nos fazendo rir. É isso”, “É bem tedioso depois de algum tempo, viu?”.

E em especial uma declaração bastante repetida pelo público de cursos tradicionais chamou-me a atenção: “Curso não serve pra muita coisa, mas é bom fazer pra dar uma motivadinha“.

Indo além da eficácia simbólica

Nesse cenário, dois fatos destacam-se:

a) a incongruência entre as expectativas dos que pagam pelos treinamentos e os resultados destes em quem os faz; e

b) o resultado geral dos treinamentos, que costuma ser descrito como uma “motivadinha”, isto é, uma injeção de entusiasmo de curta duração (“-inha”). Tal resultado lembra-me minhas aulas de Antropologia, onde estudávamos o poder simbólico de rituais: o curso, conforme o público que pesquisei descreveu, aproxima-se de um ritual, que precisa ser periodicamente repetido, e envolve alguma mágica para que dê certo.

Parece prudente perguntar: “Que treinamentos são efetivos para valer, sem depender de mágica?”. Em outras palavras, como reconhecer um treinamento de resultados que de fato gera resultados? (Além da “motivadiha” e da “mágica”).

 
O treinamento eficaz em ganhos de performance

Uma boa revisão bibliográfica da área pode destacar alguns pontos em comum de tal treinamento de qualidade.

Dentre eles:
– Partir das necessidades do público, identificadas nas situações-problemas que eles de fato enfrentam no cotidiano.
– Estabelecer objetivos claros de ensino, em uma progressão coerente.
– Treinar através de atividades variadas, indo além do modelo de “aula expositiva” que faz o treinamento empresarial lembrar a dita tediosa escola tradicional.
– Foco no ganho de repertório de competências. 
– Avaliação personalizada de cada participante.
Continuidade do aprendizado após o término das sessões de treinamento.

 
O treinamento que as empresas precisam

Tais características são mais do que objetivos para um dia perseguir: são tendências atuais na educação corporativa.

As empresas estão saturadas de treinamentos “mágicos”.

Elas buscam algo diferente, onde a eficácia de tais processos mede-se por ganhos de longo prazo em termos de performance.

Os colaboradores dessas empresas já não são como há poucas décadas quando havia paciência para “aulas chatas e inúteis”. No lugar disso engajam-se em processos de ensino-aprendizagem na condição desses serem interessantes, gerarem satisfação e que sejam pertinentes para ele enquanto indivíduo.

Fonte: www.rh.com.br 

Considerações de Silvana Ferreira, da Self Treinamentos:

“Ótimo artigo, concordo com o Alessandro, pois vivemos esta questão em nosso cotidiano.

Algumas pessoas esperam mágicas e fórmulas prontas, no modelo de ensino tradicional. A andragogia é interessante neste momento, quando estas pessoas percebem a liberdade e quantidade de opções que passam a ter, quando se tornam autônomas e se apropriam do conhecimento.

É importante que o treinamento tenha uma base conceitual firme, científica, comprovada, para trazer as mudanças necessárias, principalmente quando se fala em revisão de comportamento.

Fazer um diagnóstico inicial junto com o RH, entrevistar os participantes antes do planejamento, planejar as ações de forma customizada, tem sido muito positivo em nossa realidade.”

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