Empresas procuram especialistas em gestão de pessoas para o conselho administrativo

Tatiana Sendin

Denys Monteiro: CEO da ZRG Partners no Brasil, é formado em psicologia e possui 20 anos de experiência em busca executiva | Crédito: Paulo Santos
A alta rotatividade dos CEOs mudou de alguma forma a administração das empresas?
O tempo de permanência do principal executivo subiu, mas ainda assim varia de cinco a sete anos — é pouco.
Até alguns anos atrás, quando os conselhos administrativos discutiam sobre pessoas, era apenas para tratar da estratégia de remuneração. Mas, pensando na finitude do CEO e buscando a sustentabilidade dos negócios, os conselheiros estão começando a se preocupar com a sucessão e a estratégia de talentos.
Com isso, vemos um crescente número de companhias buscando um profissional experiente em gestão de recursos humanos para compor o board.
Por que isso está acontecendo agora? 
Faz parte de uma evolução dos conselhos administrativos do Brasil. No passado, o board era parecido com um clube de amigos. Depois, veio a fase dos figurões, com Abílio Diniz e grandes economistas sendo convidados para ser conselheiros. Agora há uma busca por diversidade de competências e qualificações. O grupo passa a ser composto de especialistas em tecnologia, finanças, marketing, sustentabilidade e RH, além dos próprios acionistas.
O que muda no conselho com a presença de um RH? 
Muda a própria discussão do grupo. Quando não existe esse profissional, ninguém fala sobre a importância da comunicação ou da adaptação das pessoas, por exemplo. O executivo de RH consegue impor uma agenda crucial para as organizações, algo historicamente deixado para segundo plano. Sem um especialista em recursos humanos, os conselheiros gastam apenas 5% do tempo debatendo sobre pessoas.
Os líderes de RH estão aptos para essa função? 
São poucos os preparados para esse papel. Para ser convidado para um conselho, o executivo deve apresentar resultados além das expectativas. Mas, se o RH não consegue quantificar o impacto de suas ações, ele não tem voz.
E ainda falta a esse profissional a visão quantitativa, de data analyst.
Parece que o RH fala uma linguagem só dele, baseada no qualitativo, no emocional.
Se ele não provar como suas ações ajudam no aumento do market share ou no lucro, como ele conseguirá aprovar um investimento?
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